"... sou dos que acreditam que a felicidade é possível, que o amor é possível, que não existe só desencontro e traição, mas ternura, amizade, compaixão, ética e delicadeza. Penso que no curso de nossa existência precisamos aprender essa desacreditada coisa chamada "ser feliz". (Vejo sobrancelhas arqueando-se ironicamente diante dessa minha romântica afirmação.) C ada um em seu caminho e com suas singularidades. Na arte como nas relações humanas, que incluem os diversos laços amorosos, nadamos contra a correnteza. Tentamos o impossível: a fusão total não existe, o partilhamento completo é inexeqüível. O essencial nem pode ser compartilhado: é descoberta e susto, glória ou danação de cada um -solitariamente. Porém numa conversa ou num silêncio, num olhar, num gesto de amor como numa obra de arte, pode-se abrir uma fresta . Espiarão juntos, artista e seu espectador ou seu leitor - como dois amantes. E assim, rasgando joelhos e mãos, a gente afinal vai." (Lya Luft) ...